terça-feira, 17 de maio de 2016

Rumo à Estação Finanças

                                            Foto: White Cottage


Rumo à Estação Finanças

Livro que narra a história das mentes mais brilhantes do socialismo é o marco zero de um império editorial

Em 2016, celebram-se 30 anos de uma pequena revolução no mercado editorial brasileiro, o surgimento da Companhia das Letras, editora que tem como ícone de sua fundação Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson (1895- 1972). O livro acompanha as principais mentes forjadoras do socialismo, mas sobretudo mostra como Karl Marx fundou uma teoria anticapitalista tão radical e revolucionária que acabou culminando na Revolução Russa, que fará um século no ano que vem.

O mais curioso dessa história é a gênese improvável entre um empreendimento de mercado e a venda de uma narrativa sobre um ideal socialista. Publicado em 1940, Rumo à Estação Finlândia não vendeu patavinas no seu lançamento, e nunca foi um grande campeão de vendas nos EUA, seu local de origem, mas a partir de outubro de 1986, viria a se tornar best-seller no Brasil.

Nessas três décadas, o livro ultrapassou os 60 mil exemplares em 13 reimpressões. Parece pouco, mas em um país em que ninguém lê, é um sucesso considerável. Só a edição de bolso, lançada por ocasião dos 20 anos da Casa, vendeu 6 mil exemplares. Esse achado se deveu à competência visionária de Luiz Schwarcz, dono da Companhia das Letras, e ao faro de Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo e diplomata especialista em violência e política, amigo de Schwarcz desde quando este era diretor da Brasiliense.

Schwarcz deixou a Brasiliense justamente para fundar a Companhia das Letras, revolucionando não só do ponto de vista gráfico, com capas e acabamentos muito bem desenhados, como também nas revisões e traduções impecáveis. Revolução semelhante só veio a se experimentar em 1997, com a CosacNaify, que fechou as portas em 2015, num lindo e contraditório caso de sucesso e utopia.

Já o empreendimento de Schwarcz, fundado com investimento de US$ 140 mil (US$ 100 mil da venda de um apartamento e US$ 40 mil emprestados dos pais, donos de gráfica), se tornou um grande império editorial (incluindo os selos Cia. das Letras, Quadrinhos na Cia., Claro Enigma e Penguin Companhia). Atualmente, a editora está em segundo lugar no ranking das best-sellers, perdendo apenas para a Sextante, segundo dados da Câmara Brasileira de Livros.

Rumo à Estação Finlândia é a pedra angular da Companhia das Letras. A partir daí, muitos best-sellers apareceram, incluindo O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, que na edição brasileira já vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Entre os autores tupiniquins, os campeões de vendas são Vinicius de Moraes, com Antologia Poética, e Jorge Amado, com Capitães da Areia.

Vindo de uma família intelectualizada, formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, Luiz é casado com Lilia Moritz Schwarcz, uma das historiadoras mais respeitadas do Pais, que recentemente organizou História do Brasil Nação, em cinco volumes, lançados pela Objetiva em 2014, um ano antes de a Companhia das Letras comprar o controle acionário da editora carioca, em parceria com a gigante inglesa Penguin Books.

Em 2006, o grupo contava com 101 funcionários, publicando 200 títulos por ano. Em 2007, só o Governo do Estado de São Paulo comprou 3,3 milhões de livros da editora. Segundo sua assessoria de imprensa, a empresa hoje, com todos os selos, tem 240 funcionários e planeja lançar ao longo de 2016 por  volta de 300 títulos. O auge da festa será em outubro, quando no dia  27 a Casa alcançará os 30 anos.



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