domingo, 5 de abril de 2009

AL ALVAREZ E O SUICÍDIO

A paixão pela destruição também é uma paixão criativa.
Mikhail Bakunin

Al Alvarez (1929 - ): "Subi as escadas, me tranquei no banheiro
e tomei quarenta e cinco comprimidos para dormir."

Os parvos que me desculpem, mas o suicídio é um sentimento que perpassa a alma de quase todos nós. Quem nunca pensou em se matar, ou imaginou o suicídio como um fio de fuga, que se atire no primeiro precipício. Digo isso em solidariedade a um homem que venceu o sentimento de auto-aniquilação: Al Alvarez.

Suicida confesso, Alvarez nos deixou um legado exemplar: O Deus selvagem – um estudo do suicídio. O autor ainda não se matou, quer dizer, ainda não morreu. Pelo contrário. Após tentar dar cabo da própria vida, na meia idade, faz agora, em 2009, aniversário de 80 anos.

Seu livro trata do suicido na literatura do Ocidente (autor ou obra) e traz um belo ensaio sobre a obra e a morte da poeta norte-americana Sylvia Plath, que se suicidou em 1963.

Segundo Alvarez, o suicídio pode ser o último grito de um pedido de socorro. “Atingido um certo grau de desespero, uma pessoa pode se matar apenas para provar que está falando sério.” É mais ou menos essa a linha que ele traça para explicar que o que Plath queria era ajuda. Mas isso é resenha para outro dia.

Por enquanto, deixo aqui parte de um poema de Plath, anotado como epígrafe do ensaio de Alvarez sobre ela, que fora amiga dele.

"Morrer
É uma arte, como tudo o mais.
Eu, por exemplo, morro excepcionalmente bem.

Morro para me sentir no inferno.
Morro para me sentir real.
Acho que se pode dizer que tenho um dom."

4 comentários:

Unknown disse...

Giba,para a maioria das pessoas,o suicídio é um ato horrível,coisa de covardes,moralmente questionável.Não comparilho dessa hipocrisia.Exatamente há 15 anos atrás Kurt Kobain se matava em Seattle com um tiro de espingarda.
Achava que não sairia do fundo do poço da heroína.Decidiu,talvez,uma saída digna.Abraço.

Gilberto G. Pereira disse...

James, obrigado pelo comentário! Concordo com você, a maioria julga o suicídio um ato covarde e prejudicial à espécie humana. É condenado em quase todas as sociedades.
Igual a você, também não julgo o suicídio um ato covarde sempre. Às vezes o é, mas nem sempre, ou quase nunca.
Outra coisa que penso em relação ao suicídio é que nenhuma pessoa, com um mínimo de sensibilidade, é capaz de passar isenta do pensamento em torno do suicídio. Mesmo que esse pensamento passe por sua alma numa distância longínqua e seja refutado imediatamente, e passe muito raramente. A menos que a pessoa seja destituída, veja você, de parâmetros morais, como um psicopata, por exemplo. A morte faz parte da reflexão sobre a moral, e, nesse caso, o suicídio não seria ético.
Mas, às vezes até na sensação do prazer aparece a ideia do suicidio. A felicidade também pode matar (rs).
Só um sujeito muito parvo não se depara com a possibilidade do suicídio num momento de reflexão sobre ele (suicídio), por exemplo. Aliás, quando se é parvo, a reflexão é cosia rara. E não estou ofedendo ninguém, não, porque não estou falando de pessoas comuns, não letradas, de pouca instrução, nada disso. Estou falando de pessoas idiotas no sentido clínico.
O suicídio surge na alma da gente mais ou menos como surge a vontade de matar alguém, por alguns segundos, mesmo que em nosso controle essa vontade jamais seja passível de concretização.
É isso.
Grande abraço!

Leila Silva disse...

Olá,
Muitíssimo obrigada pela indicação.
Adorei este post.
Sabia que o filho de S. Plath se matou esses dias?
Abraço

Gilberto G. Pereira disse...

Oi, Leila! Obrigado pela visita e pela resposta! Não sabia dessa notícia sobre o filho de Plath. Vou procurar ler sobre isso, porque ainda tenho de escrever uma resenha do livro de Alverez, embora seja um livro batido. Todo mundo já deve saber dele.
Abraço!